ATA DA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 02.4.1992.

 


Aos dois dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Terceira Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Titulo Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Rubens José dos Santos, concedido através do Projeto de Resolução nº 143/91 (Processo nº 1665/91), de autoria do Vereador Omar Ferri. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Pre­sidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Carlos Fernando Branco, Diretor do Auditório Araújo Viana, representan­do o Prefeito Municipal; Delegado Carlos Rezende, Diretor Ge­ral do Departamento de Trânsito; Senhor Norberto Borges dos Santos, Diretor-Técnico da Ordem dos Músicos do Brasil; Se­nhor Rubens Cardoso da Rocha, procurador do Clube de Choro de Porto Alegre; Senhor Alcio Faria, Chefe do Departamento Financeiro da Caixa Economica Federal, representando o Diretor-Presidente dessa Entidade; Senhor Rubens José dos Santos, Homenageado; e o Vereador Omar Ferri, Secretário “ad hoc”. Em continuidade o Senhor Presidente reportou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Ornar Ferri, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PV, PMDB, PTB e PL, teceu comentários sobre a vida artística do Homenageado, afirmando que o mesmo é sócio honorário da Casa dos Compositores e da Casa do Poeta Portoalegrense, e, ainda, que o Senhor Rubens dos Santos tenha recebido o Título Clave do Sol pelo seu destaque no setor musical. Sau­dou o Homenageado com frases interpretadas pelo mesmo e compostas por Lupícinio Rodrigues. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, reportou-se sobre a carreira de seresteiro do Homenageado, dizendo que O Senhor Rubens continua cantando tão bem quanto no início de sua jornada corno cantor. Saudou o Homenageado desejando felicidades e, principalmente, fazendo feliz seus amigos com sua voz melodiosa. O Vereador Lauro Hagemann em nome da Bancada do PPS, falou sobre a trajetoria do Senhor Rubens Santos, no meio artístico, saudando o Homenageado pelo êxito. Reportou-se, ainda, sobre a importância do Homenageado para a história da música popular de Porto Alegre. o Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, disse que o Homenageado já faz parte da memória cultural de Porto Alegre fazendo paralelo entre a trajetoria boêmia do Senhor Rubens Santos e o desenvolvimento da nossa Cidade, a qual viveu e vive o conflito das gerações que sucedem as mudanças dos valo­res morais e comportamentais. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Omar Ferri para que, juntamente com o Senhor Carlos Fernando Branco, fizesse a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre e da medalha ao Senhor Rubens José dos Santos, convidando a todos para assistirem de pé a homenagem. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado que agradeceu pelo título recebido, apresentando várias músicas. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência do Governador do Estado, do Vice-Governador, da Secretária de Estado da Cultura, do Deputa­do Estadual Antonio Dexheimer, e dos Senhores Renan Kurtz e Celso Kauffman, referentes ao evento. As dezoito horas e quinze minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos convocando,os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Vereador Omar Ferri, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Omar Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei fosse la­vrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e apro­vada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos por abertos os trabalhos desta Sessão Solene, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Rubens José dos Santos, Requerimento nº 143/91, de autoria do Ver. Omar Ferri.

Farão parte da Mesa: (Lê a composição da Mesa.)

Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, para saudar nosso homenageado, na condição de proponente e em nome das Bancadas do PDT, PV, PMDB, PTB e PL.

 

O SR. OMAR FERRI: (Menciona os componentes da Mesa.) Tenho a honra de falar em nome das Bancadas do PDT, PV, PMDB, PTB e do PL.

Eu disse ontem para o Rubens que esta seria uma Sessão muito leve, nada de formalismos, nada de erudição, seria uma Sessão que investigaria a alma que tínhamos há uns vinte ou trinta anos atrás; que falaria da sensibilidade do gaúcho, do porto-alegrense e das gloriosas noites de Porto Alegre, nos tempos da Boate Marabá, Maipú do American Boate e, como certa ocasião, nós inventamos - eu, o Romildo Bolzan e o Bayard - do Tropical Tenis Clube, onde contávamos nosso dinheirinho, e cada um procurava os últimos tostões em nossos bolsos para, pelo menos conseguirmos tomar algumas cervejas.

Essa reunião não deveria ter nenhum formalismo, nenhuma erudição, seria mais uma solenidade artística e, principalmente, musical, pois foi esse o pedido que fiz ao Rubens. Vamos ver se conseguimos então, Rubens, evitar os formalismos da Casa. Mas, de qualquer maneira, eu não posso fugir de dizer aos Senhores, ilustres personalidades aqui presentes, alguma coisa da vida do Rubens Santos. Pois aí está ele, 81 anos bem vividos e apesar da idade, uma vez por semana, ele continua amando conforme noticiou a “Zero Hora”. Pois ele nasceu no Rio de Janeiro, em 1911, quantas transadas em, Rubens? E passou aqui por Porto Alegre para seguir para Buenos Aires e Montevidéu onde deveria fazer uma turnê nas casas noturnas nas Capitais dos países amigos do Prata. Mas, neste “em passant” ele conheceu uma personalidade que se integraria com ele e ambos comungariam a filosofia da noite pelo resto dos seus dias: Lupícinio Rodrigues dos Santos.

E assim que, ao voltar de Buenos Aires e Montevidéu com destino ao Rio de Janeiro tropeçou em Porto Alegre e ficou aqui até os dias de hoje, para nossa honra e para louvores da Cidade.

Por que digo para honra nossa? Porque o Rubens foi o pioneiro dos festivais de música da Capital. Porque o Rubens recebeu medalha de Porto Alegre entregue pelo então Prefeito Municipal Alceu Colares. Porque o Rubens é sócio-honorário do Clube dos Compositores e da Casa do Poeta Porto-alegrense. Em 1991 o Clube dos Compositores deu-lhe o título Clave de Sol, por se destacar no setor musical. Foi o melhor cantor de 1991.

E nestas andanças conheceu Ovidio Chaves. Quem não se lembra do Clube da Chave? Onde se situava, Rubens? Próximo ao Pronto Socorro. Não conheci, não tenho 81 anos. Não conheci o Clube da Chave perto do Pronto Socorro, fui conhecê-lo aqui nas beiras bucólicas e maviosas do Rio Guaíba. Lá muitas noites estive.

Ele o organizou com Lupícinio Rodrigues várias casas noturnas, entre elas o Batelão. Foi lá que conheci Lupícinio Rodrigues e Rubens Santos. Rubens foi, também, o pioneiro das Escolas de Samba em Porto Alegre. Então, quem é o Rubens? É um homem que viveu neste meio mundano, neste meio artístico, neste meio musical. Ele é um artista que, com 81 anos continua sendo artista. É um homem absolutamente teimoso, nasceu artista e vai morrer artista, trabalhando como artista. Por isso, não poderia terminar esta saudação ao Rubens sem ilustrar ao plenário, a este grupo de amigos presentes, algumas frases de poesias musicais, compostas por ele e por Lupicínio, ou compostas pelo Lupicínio e interpretadas pelo Rubens. São traços de profunda poesia, através dos quais fica marcada a nossa vida, a vida machista do gaúcho, que eles tão bem souberam interpretar nas frases musicais, nos seus chorinhos e nos seus sambas. Por exemplo, eles falavam também sobre a felicidade, que diz respeito a todos nós e que todos lutam para serem felizes. De vez em quando a gente perde a felicidade. Então eles disseram: “A felicidade foi embora, e a saudade no meu peito ainda mora. E é por isso que eu gosto lá de fora porque sei que a falsidade não vigora.” E terminaram dizendo: (Vejam só que construção fantástica!)

“Na minha casa tem um cavalo tordilho

Que é irmão do que é filho daquele que o Juca tem

E quando eu pego o meu cavalo, e encilho,

Sou pior que o limpa-trilho,

Corro na frente do trem.”

E as lições, machistas, é bem verdade, mas como é que vamos abstrair os sentimentos e as noções de machismo de Lupicínio Rodrigues e de um Rubens Santos? Impossível. A lição aos moços. “Estes moços, pobres moços, Ah, se soubessem o que eu sei. Não amavam, não passavam aquilo que já passei, por meus olhos, por meu sangue, tudo enfim é que eu peço a esses moços que acreditem em mim.” E, aquele outro, Rubens, “tem navio no porto”, aquele poesia que, ao final terminava assim: “nunca se deve trocar o amor velho pelo novo, galinha que come ovo está pedindo para morrer, a mesma coisa acontece com uma pessoa que troca de amor à toa, quem troca de amor à toa, com certeza quer sofrer”. Esta é uma realidade que ninguém foge dela, não devemos trocar de amor à toa. E, a Vingança, a Vingança nasceu em Porto Alegre e explodiu em todos os seus recantos, fazendo estremecer o Pampa Gaúcho para depois tomar conta do Brasil, sendo interpretado, também, por cantores e cantoras de renome nacional, e que dizia: “eu gostei tanto, tanto quando me contaram que lhe encontraram bebendo e chorando na mesa de um bar. E, que quando os amigos do peito por mim perguntaram, um soluço cortou sua voz, não lhe deixou falar. E gostei tanto, tanto quando me contaram que tive mesmo que fazer esforço para ninguém notar.” E, vejam o machismo, no final deste samba-canção: “ela há de rolar qual às pedras que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho do seu para poder descansar.” E a margarida, Rubens? “Ai Margarida, e quando a gente se espelha nos olhos da Margarida vê duas pombinhas rolas beliscando as nossas vidas.” E aquele outro samba-canção que um juiz de direito o citou numa decisão que separava dois casais. Samba-canção que terminava assim: “este é o exemplo que damos aos jovens recém-namorados, que é melhor se brigar juntos do que chorar separados. Acima desses todos há a canção que deve ser assinalada: “Nervos de Aço”. Todos já passamos por isto: “você sabe o que é ter uma amor, meu senhor? “ter loucura por uma mulher e depois encontrar esse amor, meu senhor, ao lado de um tipo qualquer”. É de derrubar qualquer cristão. Não é verdade, Aranha? O Aranha e o Dib, como exemplos típicos do machismo gaúcho estão sorridentes, hoje, por isso o Rubens conclui: “eu não sei se o que sinto no peito é cume despeito, amizade ou horror, só sinto que quando a vejo me dá um desejo de morte ou de dor”.

Pergunto aos homens presentes: quem não conheceu uma Maria de tranças? É o samba “Maria da noite”. “Eu conheci a Maria com uma trança comprida sonhando coisas da vida que um anjo pode sonhar.” E assim vai. Esse é o Rubens Santos; o irmão gêmeo de Lupicínio Rodrigues, ou este é o Lupicínio que é porque o outro já nos abandonou. São almas gêmeas que esparramaram sentimentos e poesias pelas ruas de nossa Cidade, por aquelas ruas tão bem cantadas por Mário Quintana. Infelizmente só existem dois homens como ele, no Brasil: ele e o Sílvio Caldas, porque todos os demais seresteiros morreram. Morreu Francisco Alves, morreu Orlando Silva, morreu Carlos Galhardo, morreu Lupicínio Rodrigues, mas vive entre nós Rubens Santos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará, a seguir, o Ver. João Dib, que saudará o homenageado em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Ver. Omar Ferri disse que a Sessão era leve e fraterna porque aqui só tem amigos de Lupicínio e também do Rubens Santos. Portanto, se são todos amigos eu nem preciso citar o Presidente da Casa que é grande amigo do Rubens Santos. Mas a vida é interessante, estranha, até. Não sabia que o Rubens Santos caiu aqui por acaso. Eu vi e ouvi pela primeira vez na Sociedade Espanhola, num programa de auditório em uma das rádios locais ou era Difusora ou era a Farroupilha ou Gaúcha porque só havia essas e ele cantava Exaltação a Bahia. Já tentei fazer com que ele cantasse outra Exaltação a Bahia, porque eu era um menino e fiquei profundamente impressionado com alguém que cantava com tanta desenvoltura, com tanta facilidade e com tanta melodia. E a vida foi levando e eu fui encontrado o Rubens em outros tantos lugares: Clube dos Compositores, festinhas de amigos, campanhas políticas, lá estava o Rubens. Sempre atento, sempre amigo, sempre sorrindo, nunca reclamando.

Mas eu acho que ele agora faria uma reclamação ao Ver. Omar Ferri quando ele citou que só sobrara o Rubens e Sílvio...

 

(Aparte do homenageado.)

 

Mas na realidade eu diria que tem o Título Piva, o Jamelão e tem mais gente por aí que deve ser lembrada. Então, o risco é de dizer os nomes, a pressa, de repente, nos atrapalha...

 

(Apartes.)

 

Sim, mas de repente, tem músicas aí que tocam profundamente no coração, não só na musculatura, no corpo, não, vai lá no fundo da alma. Tem muita poesia também. Mas de qualquer forma o que importa é que o Rubens, foi dito aqui reiteradamente a sua idade, foi dito que ele é teimoso, eu não acho que ele seja teimoso, eu acho que ele é extremamente inteligente. Eu já disse desta tribuna que o inteligente acumula juventude e o outro envelhece e o Rubens Santos soube fazer isso, acumular a juventude de tal forma que não foi nenhuma nem duas vezes que eu vi lhe darem o microfone e ele dizer, “não preciso porque vai dar um tumulto aqui com a minha voz”. E hoje, com esta juventude acumulada, com a experiência acumulada também ele continua cantando tão bem como a primeira vez que eu o ouvi cantar. E ele recebeu homenagens desta Cidade em lugares os mais variados, sempre sorridente como está agora, sempre com uma palavra alegre para seus amigos, para seus conhecidos, até para aqueles que ele não conhecia e que estavam no seu caminho, sempre atencioso, cozinhando bem, fazendo com que os seus amigos se alegrassem e viessem até aqui para o saudar. É a Cidade que o saúda neste momento, tornando-o um Cidadão Emérito. Mas eu hoje pensei que tinha que achar uma frase que não fosse minha, mas que fosse de alguém extremamente importante. E essa frase é de Cervantes, que diz: “Donde ay música no pode havir cosa mala”. E o Rubens Santos é músico, portanto, é bom, é uma criatura excelente que nós temos orgulho em abraçar e dizer que queremos que continue excelente que nós temos orgulho em abraçar e dizer que queremos que continue acumulando juventude, sendo feliz, mas, sobretudo fazendo os seus amigos felizes, com a música, com a sua alegria e com a sua vontade de transmitir tudo isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de anunciar o próximo orador, eu gostaria de, antes que algum dos oradores seguintes cometa o esquecimento, alertar que entre as qualidades do Rubens Santos a quem eu considero um dos amigos mais queridos de anos, de horas e horas de janela nesta Cidade, o Rubens Santos tem uma qualidade que possivelmente o Lauro ou o Motta não venham a destacar ou por esquecimento ou talvez por desconhecimento, a arte culinária. O Clube dos Cozinheiros, na Garibaldi, onde eu passei algumas das melhores noites da minha vida, aplaudindo isso, quem fala quando alguém faz música, coloca a própria ignorância na vitrine. O Rubens Santos fazia o melhor carreteiro da madrugada e eu já quero deixar o pedido de sempre das noites do Clube dos Cozinheiros, que na hora em que ele for discursar cantando não esqueça de nos brindar com o “Azul da Manhã”, composição de D. Helder Câmara, na minha opinião canção antológica deste País.

O Ver. Lauro Hagemann nós honrará com sua oratória, saudando o homenageado, em nome da Bancada do Partido Popular Socialista, que ele lidera nesta Câmara de Vereadores.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente Ver. Dilamar Machado, autoridades presentes, meu prezado Rubens Santos, Srs. Vereadores e amigos do homenageado. Venho-me prometendo há algum tempo não assomar a esta tribuna nestas ocasiões especiais, porque em várias ocasiões tenho vacilado no controle dos meus sentimentos. Mas hoje é um dia especial e, pelo caráter que toma esta solenidade, parece que as coisas vão transcorrer com um pouco mais de tranqüilidade. Não há perigo de extravasamentos que ponham em risco até a segurança pessoal de todos nós.

Acho que a música popular, aqui em Porto Alegre, não teria assumido as características que assumiu se não fosse a presença do Rubens Santos. Até o próprio Lupicínio, talvez, não tivesse tido a expressão que tem até hoje, se não fosse o companheiro Rubens Santos. Eu tenho a sorte de conhecer o Rubens Santos há muito tempo, porque convivi no meio radiofônico e, por extensão, no meio artístico em que Rubens Santos era freqüentador assíduo e animador indispensável. Há pouco o Ver. Dilamar Machado pediu que não esquecesse uma característica do Rubens Santos. Eu já havia me lembrado, porque também freqüentei, embora muito rapidamente, o Clube dos Cozinheiros, na Garibaldi, lá onde cantava Lupicínio Rodrigues, onde Rubens Santos cozinhava, atendia os visitantes, enfim, fazia as horas da casa. Eram noites, foram noites inesquecíveis, pena que esta Porto Alegre daqueles tempos tenha-se transformado tanto. Talvez as novas gerações estejam gostando dessa transformação porque envolve aspectos modernos, dinâmicos, um avançar contínuo da cidade rumo ao progresso e rumo ao futuro. Mas aqueles como nós que têm os cabelos brancos nós não podemos esquecer o que foi Porto Alegre nos anos 50, 40, 60, com aquelas boates, com aquelas noitadas que terminavam de manhã. Isto é um período da cidade que não pode ser esquecido do qual o Rubens participou. Este carioca que hoje recebe o título de Cidadão de Porto Alegre, não foi também o único que tropeçou aqui e ficou, lembro de pelo menos mais um que também como ele, artista tropeçou aqui, caiu e ficou, Nelson Silva, carioca também. Então a cidade se orgulha de ter proporcionado esses tropeços, porque viu incorporar-se a constelação cidadãos da melhor qualidade que engrandecem Porto Alegre num setor muito caro para todos nós que, é este setor artístico cultural. Por isso, Rubens Santos, eu não poderia deixar passar esta Sessão sem vir aqui me congratular, digo, como o Ver. Omar Ferri que apresentou o Projeto, por nós termos hoje mais um Cidadão de Porto Alegre de papel passado da tua extirpe, abraço. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, fará uso da tribuna para saudar o homenageado, compositor, sambista, cozinheiro e artista plástico Rubens Santos.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Prezado Presidente a Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Dilamar Machado; prezado homenageado Rubens José dos Santos; demais componentes da Mesa.

Rubens Santos, a voz que encanta a Cidade, encanta a todos e dá vida à noite. Já faz parte da memória cultural de Porto Alegre. Faz parte, também, da sensibilidade artística da Cidade. Faz parte de um perfil de cidadania que não aceita o anonimato ou de uma cidadania que não aceita apatia, muito menos aceita apassividade e muito menos aceita solidão. É uma trajetória boêmia que percorre junto com o desenvolvimento da Cidade, que viveu e vive o conflito das gerações que se sucedem às mudanças dos valores morais, comportamentais, a existência e o surgimento de ídolos, de novos gêneros musicais, de novos bares e de novas boates. Mas sempre presente, o tempo não desfez, e muito menos os seus cabelos brancos, o sentido da paixão pela noite e pela vida em Rubens Santos. Por isso, para nós, do PT e, tenho certeza, para os companheiros que compõem a Administração Popular, comemorar os 220 anos de uma Cidade aberta à vida, é alegria e orgulho de ter junto de si esse ilustre cidadão chamado Rubens José dos Santos, página, tenho certeza, da história da Cidade de Porto Alegre. Um abraço. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de convidar o Ver. Omar Ferri para comparecer à Mesa dos trabalhos para, juntamente com o Dr. Carlos Fernando Branco, Diretor do Auditório Araújo Viana, que representa o Prefeito Olívio Dutra neste momento, fazer a entrega do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre e da medalha ao homenageado, Sr. Rubens Santos. Convido a todos os presentes para assistirem à homenagem de pé.

 

(É procedida à entrega do título e da medalha ao Sr. Rubens Santos.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de conceder a palavra ao mais jovem Cidadão de Porto Alegre, ou o mais novo, nosso amigo Rubens Santos.

 

O SR. RUBENS SANTOS: Saravá para quem é de Saravá, e Saravá para quem não é de Saravá.

Não vim aqui para falar, porque não tenho o dom de palavra, como os que estão aqui. Mas, quero aproveitar a oportunidade, porque está aqui um cara que me atura há 500 anos que é o Paulo Santos, o maior violonista do Sul do País. Eu já trouxe o violão.

O Ver. Omar Ferri falou uma coisa engraçada e fiz um verso assim:

“Porto Alegre, Porto Alegre, Cidade de tradição,

tropeçou na minha simpatia e caiu no meu coração”.

A emoção esta me incomodando. O Tio Marquinhos fez uma aposta comigo e eu perdi.

Então eu vou aproveitar, atendendo o pedido de uma música solicitada pelo Presidente da Mesa, Ver. Dilamar Machado, uma música que ele gosta, e enquanto eu bato um papo o Paulo afina o violão. Ele manhosamente não trouxe o violão dele hoje. Ele não sabia que eu estava esperando ele com a arma aqui. (Canta.)

 

(O Sr. Rubens Santos canta: “Nunca”, “Que país é este?” “Ave Maria”.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores. Antes de encerrarmos tão belo ato da Câmara de Vereadores, gostaria de passar ao nosso homenageado Rubens Santos mensagens que a ele foram encaminhadas pelo Sr. Governador do Estado, Dr. Alceu Collares; pela Secretária Estadual da Cultura, Sra. Mila Caudoro; pelo Vice-Governador do Estado, Sr. João Gilberto Lucas Coelho; pelo Deputado Estadual Antônio Dexheimer; pelo Sr. Renan Kurtz; e pelo Sr. Celso Kauffman.

Tem a palavra o Ver. Martim Aranha Filho.

 

O SR. MARTIM ARANHA FILHO: Sr. Presidente, solicitaria a V.Ex.ª que pedisse ao homenageado que, quando terminasse a Sessão, ele cantasse junto com todos nós “Felicidade”.

 

O SR. PRESIDENTE: Acho a idéia interessante. A Mesa não tem necessidade de obedecer ao protocolo, e o período formal já passou. Antes de encerrarmos a Sessão, gostaria de dizer ao novo Cidadão de Porto Alegre, Rubens Santos, que para mim, particularmente, foi extremamente gratificante presidir este ato. Porque ao longo da minha vida, da minha adolescência, nos meus jovens verdes anos de boemia, fui presidido pela amizade e pelo talento de Rubens Santos, nas noites cariocas e gaúchas. É extremamente grato presidir, hoje, um ato tão bonito em que ele engrandece a vida de Porto Alegre se tornando, por ato do Ver. Omar Ferri, consolidado pela unanimidade desta Casa, cidadão da cidade que o adotou e a quem ele ama. Rubens Santos, seja feliz. E vamos encerrando atendendo o pedido do Ver. Martim Aranha, cantando “Felicidade”. (Todos cantam.) Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levante-se a Sessão às 18h15min.)

 

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